As infeções do trato urinário (ITU) são um dos problemas de saúde mais comuns, afetando sobretudo mulheres, crianças e pessoas mais velhas. Causam desconforto, obrigam frequentemente a recorrer a consultas médicas, e estão entre os principais motivos para o uso de antibióticos1,2.
Com o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos, tem crescido o interesse por estratégias preventivas naturais e que ajudem a proteger o sistema urinário de forma segura e eficaz1,2.
Neste artigo, vais descobrir o que a ciência mais recente tem mostrado sobre o papel dos arandos (cranberries), do D-mannose, dos probióticos e de pequenas mudanças no estilo de vida que podem fazer uma grande diferença na prevenção das ITU.
Arando (Cranberry): prevenção natural de infeções urinárias com provas científicas
Os arandos (Vaccinium macrocarpon) são provavelmente o suplemento natural mais estudado na prevenção das ITU. O seu segredo está nas proantocianidinas tipo A, compostos que impedem que a bactéria Escherichia coli — uma das principais responsáveis pelas infeções urinárias — se fixe às paredes do trato urinário e leve à infeção3,4.
As investigações mais recentes confirmam que o consumo regular de arando (seja em sumo, cápsulas ou comprimidos) pode reduzir significativamente o risco de ITU, sobretudo em mulheres com episódios recorrentes, crianças e idosos4,5.
D-mannose: uma alternativa natural e eficaz
O D-mannose é um açúcar simples, naturalmente presente em pequenas quantidades em frutas como a maçã e o pêssego. A sua atuação é semelhante aos arandos: liga-se à bactéria E. Coli e impede que esta adira às células do trato urinário, bloqueando o início da infeção3,5,6.
Vários estudos clínicos recentes indicam que o D-mannose pode ser tão eficaz quanto o arando e, em alguns casos, comparável aos antibióticos na prevenção das infeções urinárias. Tem até uma vantagem: é especialmente bem tolerado, com baixo risco de efeitos adversos5,6.
Probióticos: restaurar o equilíbrio da microbiota
Os probióticos, em especial as estirpes de Lactobacillus, têm um papel essencial na manutenção do equilíbrio da microbiota vaginal e urinária. Estes “bons microrganismos” ajudam a criar um ambiente menos favorável à proliferação de bactérias patogénicas1,5.
As investigações mais recentes mostram que o uso regular de probióticos pode reduzir a frequência das ITU recorrentes, sobretudo em mulheres e crianças. Apesar de os resultados serem promissores, ainda existe variação entre as estirpes e as metodologias dos estudos, o que dificulta a definição de uma recomendação universal5,7.
Uma tendência interessante observada em alguns estudos reside na combinação de probióticos com arando ou D-mannose, uma estratégia que parece reforçar o efeito protetor e potenciar os benefícios de ambos5.
Hidratação e alimentação: o básico que é essencial
Beber água em quantidade suficiente é uma das formas mais simples e eficazes de prevenir as ITU. Uma boa hidratação ajuda o corpo a eliminar as bactérias da bexiga antes que tenham oportunidade de se multiplicar, promovendo um sistema urinário mais limpo e saudável8,9.
Da mesma forma, mais do que apostar em alimentos “milagrosos”, o segredo está numa alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e alimentos frescos, que fornecem vitaminas, antioxidantes e fibras, essenciais para o bom funcionamento do organismo. Este deve ser sempre o ponto de partida de qualquer estratégia de prevenção8,9.
A nutrição funcional na prevenção das ITU
Na nutrição funcional, a prevenção das ITU é vista de forma integrativa e personalizada, procurando atuar sobre as causas e não apenas aliviar os sintomas.
O primeiro passo é uma avaliação individualizada, que considera o historial de infeções, os fatores de risco (como a menopausa ou a atividade sexual), o estado da microbiota intestinal e vaginal, os hábitos alimentares e de estilo de vida, o nível de hidratação e a exposição a toxinas. Esta análise permite identificar desequilíbrios que possam estar a enfraquecer as defesas naturais do organismo.
A base de qualquer plano passa por priorizar uma alimentação anti-inflamatória e equilibrada, inspirada na Dieta Mediterrânica — rica em vegetais, frutas, leguminosas, gorduras saudáveis e peixes com ómega-3. Paralelamente, é importante reduzir alimentos processados, açúcar, álcool e cafeína em excesso. A hidratação adequada é outro pilar essencial: promove uma micção regular e ajuda a eliminar bactérias naturalmente.
De forma complementar, podem ser incluídas intervenções personalizadas, como o uso de arando, D-mannose, probióticos específicos para restaurar a microbiota, fitonutrientes anti-inflamatórios (como a cúrcuma) e a correção de défices nutricionais, por exemplo, de vitamina D, zinco ou magnésio.
O acompanhamento deve ser contínuo e ajustado à evolução dos sintomas, garantindo uma abordagem personalizada, eficaz e sustentável para a saúde urinária a longo prazo.
Conclusão
A prevenção das ITU através da alimentação e de suplementos naturais é uma abordagem cada vez mais apoiada pela ciência, especialmente num contexto em que a resistência aos antibióticos continua a aumentar.
As estratégias que aqui exploramos — como o uso de arandos, D-mannose e probióticos — mostram-se opções eficazes e seguras para apoiar a saúde urinária. No entanto, a verdadeira prevenção começa nos hábitos do dia a dia: uma boa hidratação, uma alimentação equilibrada e medidas simples de higiene são a base para manter o trato urinário saudável e reduzir o risco de infeções de forma natural e sustentável.
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Referências
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