Consumo sustentável: o que podes mudar na tua alimentação?
Já todos ouvimos falar na importância do consumo sustentável e da sustentabilidade da nossa alimentação, mas nem sempre é óbvio o que isso significa. O que sabemos é que o nosso consumo alimentar não é sustentável: a população mundial gasta o equivalente a 1,6 planetas e cerca de um terço dos alimentos não é consumido, contribuindo significativamente para a emissão de gases com efeito de estufa1. Enquanto isto acontece, cerca de 900 milhões de pessoas por todo o mundo passam fome1.
Como podemos mudar isto? A resposta é multifacetada. A sustentabilidade significa produção de comida suficiente para todos, feita de uma forma que não comprometa o meio ambiente e que permita o mesmo às gerações futuras. Temos, por isso, de olhar para coisas diferentes: o uso de recursos e o seu impacto no ambiente, o trabalho de quem produz e transporta os alimentos, a facilidade de acesso à comida e, claro, para a nossa saúde.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma dieta sustentável tem baixo impacto ambiental e contribui para a segurança alimentar e nutricional da população, assim como para o seu estado de saúde, tanto no presente como no futuro. Têm a capacidade de respeitar a biodiversidade e o ecossistema; além de que permitem otimizar os recursos naturais e humanos. Além de ser culturalmente aceite, nutricionalmente adequada, acessível pela população, segura e economicamente justa1.
As dicas que te trazemos são práticas que podes implementar no teu dia a dia e que respondem a estas preocupações. Satisfaz as tuas necessidades alimentares respeitando as de todas as outras pessoas, e ajuda a conservar água, terra, plantas e animais, para que as gerações vindouras possam usufruir do mesmo.
7 práticas diárias para um consumo alimentar sustentável
- Consome menos alimentos de origem animal
A carne, e especialmente a carne vermelha, tem uma elevada pegada ecológica: 20% da carne produzida é desperdiçada, e mais de metade das emissões de gases com efeito de estufa resulta dos sistemas de produção animal, que ocupam muito espaço e obrigam ao desmatamento 1. Uma mudança simples passa por incluíres mais refeições vegetarianas e veganas na tua dieta. As leguminosas são ótimas fontes de proteína, e alimentos como os grãos integrais, as frutas e os vegetais têm uma pegada ambiental reduzida 1. Lembra-te, no entanto, que a alimentação vegetarianas não é por si só sustentável ou equilibrada – tem em atenção as outras dicas nesta lista, e consulta um(a) nutricionista para te ajudar a prevenir défices nutricionais.
2. Escolhe alimentos locais e sazonais
Por si só, frutas e vegetais não são sinónimo de sustentabilidade. A agricultura industrial é frequentemente responsável por usar fertilizantes e pesticidas que contaminam a água e os solos, e que são prejudiciais à nossa saúde 2. Além disso, estes produtores têm um grande domínio sobre o mercado, o que impossibilita a concorrência dos produtores locais. A solução passa por escolhermos com a carteira e apoiarmos os produtores locais. Os alimentos da época, produzidos localmente, evitam o transporte de longa distância (reduzindo as emissões de carbono) e dispensam conservantes e cadeias de frio1 – ninguém precisa de comer mangas no pico do inverno! Espreita um calendário de sazonalidade dos alimentos para saberes quais os hortícolas da estação, que também são sempre mais frescos, saborosos e nutritivos 3. Visita os mercados e as feiras da tua região e compra diretamente aos pequenos produtores. Desta forma, estarás a contribuir para uma produção sustentável de alimentos, ajudas a promover a economia local, e até podes poupar algum dinheiro.
3. Reduz o desperdício alimentar
Qualquer que seja a tua dieta, é muito importante limitar o desperdício alimentar, responsável por cerca de 10% das emissões de gases com efeito de estufa 1. Planeia as tuas refeições e faz uma lista de compras antes de ires ao supermercado, trazendo apenas oque realmente precisas. Verifica os rótulos dos alimentos para saberes como os acondicionar devidamente, e garante que a temperatura do teu frigorífico está entre 0 e 5 graus para prolongar a vida útil dos produtos. Tem em atenção as datas de validade e consome primeiro os alimentos mais perecíveis. Por fim, não deixes de utilizar as sobras das refeições anteriores – o pão de ontem transforma-se rapidamente numa açorda ou numas apetitosas migas!
4. Atenção às embalagens de plástico e uso único!
Evita produtos exageradamente embalados, optando pelas embalagens recicláveis em vez das embalagens de plástico. Procura também reutilizar as embalagens sempre que possível. Experimenta comprar produtos a granel – de leguminosas e farinhas a temperos e cereais - e não te esqueças de levar o teu saco reutilizável sempre que fores às compras.
5. Cria a tua horta em casa
Cultiva os teus próprios alimentos. Se tiveres espaço, podes plantar todo o tipo de vegetais em casa, desde tomates a beringelas. Se viveres num apartamento, até pequenos vasos de ervas aromáticas, como manjericão ou coentros, podem fazer a diferença. Outra alternativa passa por procurar hortas comunitárias na tua região. Por fim, não te esqueças de compostar resíduos orgânicos, transformando os restos dos alimentos em adubo para a tua horta.
6. Cozinha (com a sustentabilidade em mente)
A comida cozinhada em casa é mais nutritiva do que na maioria dos restaurantes, exige menos recursos, e permite-te poupar bastante dinheiro. Há, além disso, várias práticas simples que podes adotar na cozinha em nome da sustentabilidade. Ferve a água num jarro elétrico em vez de a aqueceres numa panela. Utiliza uma panela de pressão para poupares energia (o feijão que demoraria horas ao lume fica cozido em minutos). Mantém as panelas tapadas e desliga o fogão mais cedo, deixando que o calor termine a cozedura 1.
7. Educa-te e educa os outros sobre sustentabilidade alimentar
Procura aprender mais sobre o impacto ambiental dos alimentos que consomes e sobre práticas sustentáveis. Compartilha esse conhecimento, incentivando amigos e familiares a adotarem práticas alimentares mais sustentáveis. Além da redução da pegada ecológica, estarás a contribuir para a saúde e qualidade de vida das pessoas que te são próximas!
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