Num mercado repleto de suplementos, escolher o multivitamínico certo pode ser um desafio – especialmente para quem procura uma abordagem funcional, personalizada e verdadeiramente alinhada com as suas necessidades. Mais do que “tomar suplementos”, é importante compreender o papel dos micronutrientes na prevenção de doenças, no envelhecimento saudável, na produção de energia, na imunidade e no equilíbrio metabólico.
Vamos explorar o que realmente distingue um bom multivitamínico e, com base na investigação científica mais atual, definir critérios claros para fazer uma escolha segura, eficaz e informada.
Porque é que um multivitamínico pode ser necessário?
Embora uma alimentação equilibrada seja a base da saúde, muitas pessoas não conseguem atingir as necessidades diárias de micronutrientes apenas através da alimentação. Isto é especialmente comum em idosos, pessoas com doenças crónicas, dietas restritivas, problemas de má absorção intestinal ou durante fases de maior exigência fisiológica1,5.
Vários estudos associam as carências de vitaminas do complexo B, vitamina D, vitamina E, magnésio, zinco, ferro e selénio ao declínio cognitivo, menor energia, pior função imunitária e maior risco metabólico – mesmo em populações com acesso a uma alimentação variada3. As chamadas deficiências subclínicas (níveis baixos que não provocam sintomas imediatos) são muito frequentes e passam facilmente despercebidas, podendo agravar condições de saúde já existentes e comprometer a capacidade do organismo para lidar com o stress, a doença ou o envelhecimento5.
A importância de um multivitamínico de qualidade
Nem todos os multivitamínicos são iguais: a forma química dos micronutrientes, as doses, a presença de aditivos e a biodisponibilidade (ou seja, a capacidade do corpo para absorver e utilizar as vitaminas e os minerais) fazem toda a diferença.
Sabias que muitos micronutrientes são essenciais para a saúde cerebral, cardiovascular e metabólica? As vitaminas B, C, D e E, e minerais como zinco, magnésio, ferro, crómio, cobre e selénio participam diretamente na produção de energia nas mitocôndrias (as “centrais energéticas” das células), na defesa antioxidante, no equilíbrio hormonal e na transmissão de sinais entre neurónios3.
Um estudo mostrou como a toma diária de um multivitamínico reduziu a “idade cognitiva” em cerca de 2 anos em adultos mais velhos, com melhorias na memória e na função global3. Nos idosos, os multivitamínicos podem também ajudar a corrigir deficiências frequentes associadas ao envelhecimento, à polimedicação e à menor absorção gastrointestinal1.
Há ainda exemplos de prevenção de doenças específicas: a ingestão diária de 0,4mg de ácido fólico (normalmente presente em multivitamínicos) reduz significativamente o risco de defeitos do tubo neural em bebés, sendo por isso uma recomendação universal para mulheres em idade fértil2.
Critérios para escolher o multivitamínico certo
Formas ativas e biodisponíveis dos multivitamínicos
A forma química dos micronutrientes influencia diretamente a absorção e, portanto, a sua eficácia clínica5. Deves dar preferência a:
- Formas metiladas (como metilfolato e metilcobalamina), versões ativas de vitaminas do complexo B, que o corpo consegue utilizar mais rapidamente sem precisar de as transformar.
- Minerais quelados ou orgânicos, que estão ligados a um aminoácido (como o bisglicinato) ou a outro composto orgânico (citrato, malato, picolinato), que facilita a absorção pelo intestino.
- Formas lipossomais, em que os nutrientes são encapsulados numa estrutura semelhante à membrana das células (um lipossoma), aumentando a sua absorção e biodisponibilidade.
Doses alinhadas com as necessidades reais
Um bom multivitamínico deve fornecer doses eficazes e seguras, seguindo recomendações científicas. É importante evitar:
- Subdosagem, que não traz benefícios para o organismo - excesso de vitaminas, especialmente no caso das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), que se acumulam no organismo e podem tornar-se tóxicas5
Adaptação ao objetivo e fase da vida
As necessidades nutricionais variam conforme a idade, o sexo, a dieta e as condições de saúde. Por exemplo:
- Mulheres em idade fértil: necessitam de multivitamínicos com boas doses de folato, ferro e vitaminas do complexo B, importantes para a fertilidade e prevenção de malformações no bebé2;
- Adultos mais velhos: devem privilegiar micronutrientes como vitamina D, vitamina K2, B12, zinco e selénio, essenciais para a cognição, imunidade e saúde óssea1,3;
- Vegetarianos ou vegans: precisam de multivitamínicos que incluam vitamina B12, ferro, zinco e iodo, que podem ser menos abundantes em dietas sem produtos de origem animal;
- Pessoas com má absorção intestinal: devem optar por formas de nutrientes mais biodisponíveis, que o organismo consegue absorver mesmo com dificuldades digestivas5;
Multivitamínico: o que evitar?
- Megadoses sem justificação clínica;
- Formas pouco absorvíveis (como óxido de magnésio ou óxido de zinco);
- Produtos baratos com doses irrelevantes;
- Misturas de muitos extratos sem evidência científica sólida;
- Corantes artificiais, dióxido de titânio, açúcar adicionado ou aromas artificiais, que podem prejudicar a tolerância e absorção5.
Multivitamínico ou abordagem personalizada?
Um multivitamínico de qualidade pode ser uma excelente base de suporte, mas não substitui:
- avaliação clínica individual, com um profissional de saúde, para perceber necessidades específicas;
- análises clínicas, para identificar carências nutricionais;
- Intervenção nutricional personalizada;
- suplementação mais específica e individualizada, quando necessária.
A literatura científica é clara: os multivitamínicos devem complementar, e não substituir, uma alimentação equilibrada nem um plano clínico individualizado1,5.
Conclusão
Escolher um multivitamínico eficaz vai muito além de pegar no primeiro frasco da prateleira. A decisão deve assentar na evidência científica, nas tuas necessidades individuais, na forma e qualidade dos nutrientes e na sua biodisponibilidade.
Quando cumpridos estes critérios, um multivitamínico pode:
- melhorar a energia e vitalidade;
- apoiar o sistema imunitário;
- otimizar a função cognitiva;
- reduzir o stress oxidativo;
- prevenir ou resolver carências nutricionais;
- contribuir para um envelhecimento saudável.
Tudo isto seguindo o princípio central da nutrição funcional: atuar na causa, e não apenas nos sintomas.
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Referências
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